segunda-feira, 30 de março de 2009

Pensamentos de um amigo...

"Nos últimos anos, desde que optei pela vida que levo, tenho observado o comportamento das pessoas com relação à sua vida conjugal.Não que eu seja um "fofoqueiro de plantão” (eu não gostaria de ser visto dessa forma), mas sim, um estudioso do tema.
Sou um profissional de Segurança Pública e desempenho minha profissão em um universo de cerca de 500 homens (trabalho num batalhão de polícia). Lido com muitas pessoas e tenho gabarito suficiente para falar sobre o que aflige a maioria dos casais que convivem por mais de seis anos juntos (esse tempo pode variar), mas fato concreto e incontestável é que mais cedo ou mais tarde o casal será atingido por um mal irremediável que conduz todo relacionamento a uma ida sem volta - o desgaste.
É esse o tema que procuro aqui abordar, sempre sob um ponto de vista de questionamentos, afinal, cada relação tem suas peculiaridades, portanto, não podemos afirmar através de fórmulas pré-concebidas, a alavanca que impulsiona cada caso de amor a ter um fim.
Quero ser o mais claro possível nessa dissertação, à cerca do relacionamento conjugal, mas, nem por isso, quero trafegar na contra-mão dos grandes POETAS que há séculos, sabiamente definem o mais sublime dos sentimentos humanos - "O AMOR"; Afinal, o amor nunca deixará de existir, sempre caberá espaço para esse sentimento que se manifesta das mais diversas formas, desde o amor de uma mãe por seus filhos, quanto o amor EROS, de uma mulher por um homem, ou vice-versa.É justamente desse amor que quero falar, o amor que move paixões e movimenta a humanidade ao longo da história humana.

E o que seria esse tal amor?

Assim o definiu o poeta:

“O amor é fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente
Um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer...”.


Então, se esse sentimento é tão sublime, tão necessário à existência humana, porque tende a se desgastar com o tempo?
A culpa não é do amor, e sim, como já ouvi falar, do canal por onde flui o amor.
Tentemos responder a essa pergunta:
Hoje pela manhã enquanto dirigia meu carro para o trabalho, me veio à mente uma bela canção da MPB, interpretada por MARIA BETHÂNIA.
A letra diz:

“Primeiro você me azucrina, me entorta a cabeça”.
Bota-me na boca um gosto amargo de fel
Depois vem chorando desculpas, assim meio pedindo.
Querendo ganhar um bocado de mel
Não vê que então eu me rasgo
Engasgo engulo, reflito, estendo a mão
E assim nossa vida é um rio secando
As pedras cortando, e eu vou perguntando:
Até quando?
São tantas coisinhas miúdas, roendo, comendo
Arrazando aos poucos com o nosso ideal
São frases perdidas num mundo de gritos e gestos
Num jogo de culpa que faz tanto mal
Não quero a razão, pois eu sei o quanto estou errada
O quanto já fiz destruir
Só sinto no ar o momento em que o copo está cheio
E que já não dá mais pra engolir
Veja bem, nosso caso é uma porta entreaberta
Eu busquei a palavra mais certa
Vê se entende o meu grito de alerta
Veja bem, é o amor agitando meu coração
Há um lado carente dizendo que sim
E essa vida da gente gritando que não"



Diante desta brilhante exposição de BETHÂNIA, temos resposta para a pergunta anterior, basta para tal, que se observe o trecho da canção que diz:

"SÃO TANTAS COISINHAS MIÚDAS ROENDO, COMENDO, ARRAZANDO AOS POUCOS O NOSSO IDEAL.
SÃO FRASES PERDIDAS NUM MUNDO DE GRITOS E GESTOS, NUM JOGO DE CULPA QUE FAZ TANTO MAL..."

Surge então outra pergunta:
Porque permitimos que os relacionamentos cheguem a esse ponto de desconforto?
São pequenas coisas que somadas resultam numa separação.São coisas que passam a faltar no cotidiano e que são de suma importância para a saúde de uma relação a dois.
A seguir temos um texto que iniciei mas ainda não terminei, o qual pode nos esclarecer em alguma coisa:
A quanto tempo não beijas?
Não, não foi a esse beijo que me referi, esse beijo seco que damos e recebemos cotidianamente, fruto de uma ação mecânica cujo estalo expressa um “pronto”, fiz minha parte, dever cumprido!
Não foi o que perguntei. Talvez tenha me expressado mal, ou talvez a palavra beijo guarde um sentido mais profundo. Pelo menos aquele que veio a minha mente ao iniciar o texto, um beijo que guarda um sentido profundo, muito mais profundo que “uma ação mecânica”. Um beijo que possa traduzir o turbilhão de sensações muitas vezes esquecidas ou acorrentadas, jogadas nos porões de nossas mentes e que esquecemos de visitar.
Falo do beijo dado sem pressa, antes ou depois do fitar dos olhos, num momento de sublime encantamento, em que as almas (gêmeas), aproveitam para contar seus mais íntimos segredos...
Não importa se antes ou depois do amor, mas que haja encantamento, que seja sempre não um beijo, mas “o beijo”.
Se for no amor, antes do ato, que acelere o coração e que deixe descompassada a respiração, ou melhor, que tire o fôlego; se for depois do ato, que haja o fitar... Olho no olho...Que acalme a respiração e que traga a infinita paz, que só se alcança quando se ouve os dois corações batendo num só compasso, como que fundido numa só pessoa, no encontro de dois corpos, exauridos, mas saciados.
É...
Onde se perde a vontade de beijar ?
Em que encruzilhada da vida, em que esquina dos sentimentos?
Em que entrevero se perdem os encantos, quando se muda o querer?
Se antes o que encantava, porque hoje desaponta?
Porque, porque se transforma esperança em descontentamento?"
Assinado:Anthony

Nenhum comentário:

Postar um comentário