quarta-feira, 17 de junho de 2009

A Dor da Perda

Não existem palavras, línguas, gestos ou mesmo pensamentos que possam expressar a dor da perda. Ela é tão profundamente dolorida e fere a alma com esmero desmedido, cortando lenta e dolorosamente com o lado cego da faca.

A dor é fenomenal, incrívelmente dor, extraordinariamente dor, fatalmente dor. É dor, dor, dor, somente dor. E não cede, não acalma, não dá trégua. E a alma se contorce, revolve, chora, berra e geme em lamentos surdos, que tomam o corpo, que fazem cambalear e entontecer o espírito.

A dor da perda não tem som, não tem voz, e invade o âmago do ser silenciosa e cruelmente fazendo doer e adoecer o corpo. Massacra a alma a tal ponto de tudo ao redor perder o sentido. Tudo. Tudo perder o sentido e o brilho da vida.

Os olhos olham mas nada vêem, os ouvidos ouvem sem nada ouvir, os braços caem sem sentir qualquer amparo, qualquer sussurro de compreenssão, de entendimento. Somente o gosto do sangue da dor é percebido no fundo do coração que sangra, falece e se afunda no fundo da terra, do pó.

E tudo vira dor profunda e cortante como o fio de uma navalha. Os sentidos perdem a razão de ser. Robotizamos o corpo e caminhamos, perdidos e anestesiados de lá prá cá, de cá prá lá, desnorteados, confundidos, atordoados e completamente perdidos de nós mesmos. Esquecidos de tudo e de todos, menos da dor que rasga, dói e arranha o coração até o sangue jorrar em lágrimas profusas e gritos inaudíveis.

A dor da perda cala fundo e faz sepultura da alma onde desejamos ardentemente nos enterrar, em silêncio absoluto, em escuridão infinda, em adormecer eterno. Faz desejar a morte e buscar o fim de tudo, inclusive de si mesmo, para calar... a dor...


Fonte:Recanto das letras

6 comentários:

  1. Dia 17/07/2009...madito dia em que perdi a pessoa que eu mais amava.

    Meu amor se foi e a dor da perda é insuportável...
    Dói, rasga o coração.

    Gee, te amarei além da minha vida. Te amarei por toda eternidade.

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  2. A perda do meu irmão Vander se resume totalmente neste poema...

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  3. A dor da perda do meu irmão Vander se resume neste poema.
    E como dói, todos os dias!!!!!

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  4. Gostei muito deste teu poema.
    Não há nehuma palavra que descreve a dor?
    Tu conseguiste, são palavras verdadeiras, só quem passa por elas é que sabe dar o valor...
    Parabéns.......

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  5. http://palavrasdecertosdilemasoficial.blogspot.com.br/2016/05/encontro.html ! A espera do ENCONTRO

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  6. Quando não há mais nada a fazer sofremos, sofremos atá as raias da loucura, e rezamos 24 horas por dia. Gritos inaudíveis? a vizinhanças que os digam. Choro calado? Conversa! Berramos em altos brados com o mesmo pulmão que gostaria de estar rindo com tua presença. (https://www.youtube.com/watch?v=fwDCdmD7Nao)
    I
    Beber a vida num trago, e nesse trago
    Todas as sensações que a vida dá
    Em todas as suas formas [...]
    .....................................................................
    Dantes eu queria
    Embeber-me nas árvores, nas flores,
    Sonhar nas rochas, mares, solidões.
    Hoje não, fujo dessa idéia louca:
    Tudo o que me aproxima do mistério
    Confrange-me de horror. Quero hoje apenas
    Sensações, muitas, muitas sensações,
    De tudo, de todos neste mundo — humanas,
    Não outras de delírios panteístas
    Mas sim perpétuos choques de prazer
    Mudando sempre,
    Guardando forte a personalidade
    Para sintetizá-las num sentir.
    Quero
    Afogar em bulício, em luz, em vozes,
    — Tumultuárias [cousas] usuais —
    o sentimento da desolação
    Que me enche e me avassala.
    Folgaria
    De encher num dia, [...] num trago,
    A medida dos vícios, inda mesmo
    Que fosse condenado eternamente —
    Loucura! — ao tal inferno,
    A um inferno real.


    II
    Alegres camponeses, raparigas alegres e ditosas,
    Como me amarga n'alma essa alegria!
    .....................................................................
    Nem em criança, ser predestinado,
    Alegre eu era assim; no meu brincar,
    Nas minhas ilusões da infância, eu punha
    O mal da minha predestinação.
    .....................................................................
    Acabemos com esta vida assim!
    Acabemos! o modo pouco importa!
    Sofrer mais já não posso. Pois verei —
    Eu, Fausto — aqueles que não sentem bem
    Toda a extensão da felicidade,
    Gozá-la?
    .....................................................................
    Ferve a revolta em mim
    Contra a causa da vida que me fez
    Qual sou. E morrerei e deixarei
    Neste inundo isto apenas: uma vida
    Só prazer e só gozo, só amor,
    Só inconsciência em estéril pensamento
    E desprezo [...]

    Mas eu como entrarei naquela vida?
    Eu não nasci para ela.


    III
    Melodia vaga
    Para ti se eleva
    E, chorando, leva
    O teu coração,
    Já de dor exausto,
    E sonhando o afaga.
    Os teus olhos, Fausto,
    Não mais chorarão.


    IV
    Já não tenho alma. Dei-a à luz e ao ruído,
    Só sinto um vácuo imenso onde alma tive...
    Sou qualquer cousa de exterior apenas,
    Consciente apenas de já nada ser...
    Pertenço à estúrdia e à crápula da noite
    Sou só delas, encontro-me disperso
    Por cada grito bêbedo, por cada
    Tom da luz no amplo bojo das botelhas.
    Participo da névoa luminosa
    Da orgia e da mentira do prazer.
    E uma febre e um vácuo que há em mim
    Confessa-me já morto... Palpo, em torno
    Da minha alma, os fragmentos do meu ser
    Com o hábito imortal de perscrutar-me.
    tua inconsciência alegre é uma ofensa
    para mim. O seu riso esbofeteia-me!
    Tua alegria cospe-me na cara!
    Oh, com que ódio carnal e espiritual
    escarro sobre o que na alma humana
    Fria festas e danças e cantigas...
    ....................................................................
    Com que alegria minha, cairia
    Um raio entre eles! Com que pronto
    Criaria torturas para eles
    Só por rirem a vida em minha cara
    E atirarem à minha face pálida
    O seu gozo em viver, a poeira — que arda
    Em meus olhos — dos seus momentos ocos
    De infância adulta e tudo na alegria!
    .....................................................................
    Ó ódio, alegra-me tu sequer!
    Faze-me ver a Morte. roendo a todos,
    Põe-me ria vista os vermes trabalhando
    Aqueles corpos! [...] F.P.

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