terça-feira, 19 de maio de 2009

O Laço


Sabes,nunca soube onde me perdi,
Talvez noutro mundo,
Em outra dimensão,
Onde outrora vivi.
Trago as marcas do ferro quente,
Que me feriram a alma,
E a carne, com uma dor que já não sente.
Fui a testemunha silenciosa,
No calor da tarde, onde fingi viver,
Por entre o silêncio que me consome,
E tudo é pó, tudo é surdo, e veio o anoitecer.
Senti os golpes que me atiraste, sem perceber,
Nada faz sentido, nem o dia nem o escurecer,
Nem este contraste do meu querer,
Que escolhe a vida, e de seguida me vejo desfalecer.
Não sou a estrela da sorte,
Não sou a estrada, nem a sombra,
Nem o Sol, nem o vento norte,
Não fui a vida, nem a escuridão,
Não sou, o que dita a linha da minha mão.
Só sou o engano frio,
O olhar sem cor e perdido,
Onde lavo o sal que me conforta,
Da armadilha,
Do laço que me cerca,
E vai apertando à minha volta.

*

Nenúfar 9/5/2009

Um comentário:

  1. Olá Gabriela, cheguei aqui através da pesquisa em literatura no blogger. Muito interessante seu espaço. Gostei em particular da passagem:

    "Não fui a vida, nem a escuridão,
    Não sou, o que dita a linha da minha mão."

    Abraços literários
    Marco

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