Tive a coragem de olhar para trás
Os cadáveres dos meus dias
Assinalam o meu caminho e eu choro-os
Uns apodrecendo nas igrejas italianas
Ou entre os limoeiros
Que dão ao mesmo tempo e em qualquer estação
A flor e o fruto
Outros dias choraram antes de morrerem nas tabernas
Fustigados por ardentes ramos
Sob o olhar duma mulata que inventava a poesia
E as rosas da electricidade abrem-se ainda
Nos jardins da minha memória.
*
Poeta:GUILLAUME APOLLINAIRE
[in O Século das Nuvens, trad. Jorge Sousa Braga, Assírio & Alvim, 2007]
[in O Século das Nuvens, trad. Jorge Sousa Braga, Assírio & Alvim, 2007]
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