*
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Viola de Dois Corações
Total e breve é a saudade
As marés voltam e vão
Errantes são os pesares
Tal como a tua razão
*
Mora em teus olhos
A beleza do verde da ilha
Teu coração alberga
Mil e uma maravilha
*
Dedos dedilham acordes
De paixão e nostalgia
As notas continuam presentes
Mesmo quando acaba o dia
*
A noite acolhe a melodia
A lua dança no céu
O Nevoeiro desce as cumeeiras
Os lagos ganharam um véu
*
Ó chamateia que fala da saudade
Ó canção que pões um brilho nos olhos
Ó mulher que tens a forma da viola
Ó que espalhas paixões aos molhos
*
E o cantar da meia-noite
A todos encanta e seduz
Cantar até que morra a voz
Cantar até que haja luz
*
Porque o teu cantar
Não convence este coração partido
Não chega ao fundo da alma
Não tem lugar consentido
*
Mas toca viola, toca
Beija os dedos do tocador
Mãos que amanham a terra
Também sabem dar amor
*
Doze cordas, tem a viola
Presas à forma de donzela
Que abraças junto a ti
Como se fosse mesmo ela
*
Tocas ao céu, às estrelas
Voam notas, emoções
Que reverberam na brisa
Numa…Viola de Dois Corações…
*
Poeta:O Profeta
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Mário Quintana
“No fundo, não há bons nem maus.
Há apenas os que sentem prazer em fazer o bem
e os que sentem prazer em fazer o mal.
Tudo é volúpia”
Seu olhar
Fênix - Jorge Vercilo e Flávio Venturini
Teu,
prisioneiro meu
descobri no breu
uma constelação
Céus,conheci os céus
pelos olhos seus
Véu de contemplação
Deus,
condenado eu fuia forjar o amor
no aço do rancor
e a transpor as leis
mesquinhas dos mortais
Vouentre a redenção
e o esplendor
de por você viver
Sim,
quis sair de mim
esquecer quem sou
e respirar por ti
e assim transpor as leis
mesquinhas dos mortais
Agoniza virgem Fênix(O amor)
entre cinzas, arco-íris e esplendor
por viver às juras de satisfazer
o ego mortal
Coisa pequenina,centelha divina,renasceu das cinzas
Onde foi ruína
pássaro ferido
hoje é paraíso
Luz da minha vida,pedra de alquimia
Tudo o que eu queria
Renascer das cinzas
Quando o frio vem
nos aquecer o coração
Quando a noite faz nascer
a luz da escuridão
e a dor revela a mais
esplêndida emoção
O amor
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Declaração
Quando mergulho dentro de mim,
só encontro você.
*
Por isso, decidi ser seu amigo,
para me conhecer de verdade.
*
Assim que conhecê-la,
serei pleno em mim mesmo.
*
por:Agnaldo Gonçalves
Súplica
Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
Por:Miguel Torga
terça-feira, 21 de abril de 2009
QUE SE PASSA?
"...Claro que não, de maneira nenhuma. Estava sentada ao meu lado, o desejo agitava-lhe o ventre, ela semi cerrava os olhos. De maneira nenhuma, assim não,ainda não. Debrucei-me sobre o seu rosto e beijei-a. Pousei a cabeça no seu peito e esperei pelas suas mãos. Continuava,lento, a ir devagar ao encontro do desejo.Não tinha pressa. Ela apertava-me contra si silenciosamente, parecia dormir e repousava o seu corpo como se a morte ou uma hibernação o tivessem ocupado. A televisão passava um filme de John Ford. Ela ergueu-se subitamente,afastou-me. Que se passa, perguntei-lhe,surpreendido. Nada, respondeu ela, mas não é o filme de John Ford que acaba de começar?Não o quero perder. De acordo, pensei eu.Levantei-me, fui sentar-me na cadeira do outro lado da sala. Acendi um cigarro. Lá fora caíra a noite há muito tempo. Mas quem tinha vontade de pensar no que se passava lá fora? Um filme de John Ford, repeti em voz baixa. Apaguei o cigarro e concentrei-me na aventura irreal, nas cores magníficas do deserto...."
Por: João Camilo - Poeta português
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Giuseppe Ungaretti
ANIQUILAMENTO
Versa, 21 de maio de 1916
Meu coração esbanjou vaga-lumes
se acendeu e apagou
de verde em verde
fui contando
*
Com minhas mãos plasmo o solo
difuso de grilos
modulo-me
com
igual submisso
coração
*
Bem-me-quer mal-me-quer
esmaltei-me
de margaridas
enraizei-me
na terra apodrecida
cresci
como um cardo
sobre o caule torto
colhi-meno tufo
do espinhal
*
Hoje
como o Isonzo
de asfalto azul
me fixo
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ANNIENTAMENTO
Versa il 21 maggio 1916
Il cuore ha prodigato le lucciole
s'è acceso e spento
di verde in verde
ho compitato
*
Colle mie mani plasmo il suolo
diffuso di grilli
mi modulo
di
somesso uguale
cuore
*
M'ama non m'ama
M'ama non m'ama
mi sono smaltato
di margherite
mi sono radicato
nella terra marcita
sono cresciutto
come un crespo
sullo stelo torto
mi sono colto
nel tuffo
di spinalba
*
Oggi
come l'Isonzo
di asfalto azzurro
mi fisso
TIVE A CORAGEM DE OLHAR
Tive a coragem de olhar para trás
Os cadáveres dos meus dias
Assinalam o meu caminho e eu choro-os
Uns apodrecendo nas igrejas italianas
Ou entre os limoeiros
Que dão ao mesmo tempo e em qualquer estação
A flor e o fruto
Outros dias choraram antes de morrerem nas tabernas
Fustigados por ardentes ramos
Sob o olhar duma mulata que inventava a poesia
E as rosas da electricidade abrem-se ainda
Nos jardins da minha memória.
*
Poeta:GUILLAUME APOLLINAIRE
[in O Século das Nuvens, trad. Jorge Sousa Braga, Assírio & Alvim, 2007]
[in O Século das Nuvens, trad. Jorge Sousa Braga, Assírio & Alvim, 2007]
domingo, 12 de abril de 2009
Relíquia do olhar
Há verdade no olhar,
quando as linhas tecem
versos de muitas vidas,
enraizando-se nele:
tracinhos sem parênteses
que já não sentem
a necessidade de mentir
para a lua...
E seguem os segundos,
conquistando o olhar do outro
que sem linhas ainda brilham,
ensinando versos vivos.
Um dia em verdade:
tradição,
emoção,
saudade.
*
Por:Pupila - http://mpupila.blog.uol.com.br/
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Quis derreter o gelo que nos separa .
Quis te amar como se ama uma criança , um bebê.
Quis te amar porque pensei que poderia proteger você ,
fui eu que quis te amar , você não me pediu.
Eu quis dar a você o que não tinhas ,
quis preencher um vazio em ti e em mim.
Quis me dar você de presente ...
foi tudo o que quis
e não consegui ...
*
Fonte:http://abstrata-abstrata.blogspot.com/
Fonte:http://abstrata-abstrata.blogspot.com/
quinta-feira, 9 de abril de 2009
Pablo Neruda
O teu riso
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
*
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
*
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
*
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
*
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
*
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
Camões
Há palavras que nos beijam
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor,
de esperança,
De imenso amor,
de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
TRILOGIAS
JESUS, MARIA E JOSÉ.
NASCER, CRESCER E VIVER.
AMAR, PERDOAR E CONQUISTAR.
*
CHEGAR, PERMANECER E PARTIR.
OLHAR, VER E COMPREENDER.
FILOSOFIA, POESIA E UTOPIA.
*
MÃE, PAI E FILHO.
PROFESSOR, ALUNO E APRENDIZAGEM.
HOMEM, MULHER E SENTIMENTOS.
*
Por:brasileirinha(blog - Terra Gaúcha)
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Chuva
tem uma chuva molhada
que deixa a terra encharcada
exalando um cheiro bom.
Bate de dia e de noite,
O vento a transforma em açoite
Chicoteando a janela.
-Gosto dela.
*
Tem a chuva miudinha,
nuvem peneirando farinha,
que desafia a paciência.
Dias a fio com insistência,
nem piora nem vai embora,
a cidade úmida e cinzenta.
- Êta chuva pachorrenta.
*
Tem a pancada de verão
com direito a raio e trovão,
que dá e passa num instante.
E tem a raiva de Deus
que cai de enxurrada
quando São Pedro lava os céus
e inunda tudo aqui embaixo.
-É a pior,eu acho.
*
Gosto mesmo....
daquela que cai de tardinha,
depois de um dia abafado
deixando o ar enxaguado
e a gente respirando mais leve.
E colírio para as vistas,
expõe das montanhas as cristas
na sua cor mais bonita.
- Esta é a minha favorita.
*
Por:Vera Abad
Por:Vera Abad
terça-feira, 7 de abril de 2009
Carlos Drummond de Andrade
(...) Pois de tudo fica um pouco.
um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.
Ficou um pouco de tudo
pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.
(...) E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Saudade
Saudade é um buraco dolorido na alma.A presença de uma ausência. A gente sabe que alguma coisa está faltando. Um pedaço nos foi arrancado. Tudo fica ruim.
A saudade fica uma aura que nos rodeia. Por onde quer que a gente vã, ela vai também. Tudo nos faz lembrar a pessoa querida. Tudo que é bonito fica triste, pois o bonito sem a pessoa amada é sempre triste. Aí, então, a gente aprende o que significa amar: esse desejo pelo reencontro que trará a alegria de volta.
A saudade se parece muito com a fome. A fome também é um vazio. O corpo sabe que alguma coisa está faltando. A fome é a saudade do corpo. A saudade é a fome da alma.
A saudade fica uma aura que nos rodeia. Por onde quer que a gente vã, ela vai também. Tudo nos faz lembrar a pessoa querida. Tudo que é bonito fica triste, pois o bonito sem a pessoa amada é sempre triste. Aí, então, a gente aprende o que significa amar: esse desejo pelo reencontro que trará a alegria de volta.
A saudade se parece muito com a fome. A fome também é um vazio. O corpo sabe que alguma coisa está faltando. A fome é a saudade do corpo. A saudade é a fome da alma.
Por:Rubem Alves
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